Quem foi Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo-brasileira homenageada na Bienal de Veneza

  • por

Um dos principais nomes da arquitetura modernista brasileira no século XX foi o destaque da Bienal de Veneza, na Itália. Nascida Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi homenageada com o Leão de Ouro por tudo o que sua carreira representou ao longo dos anos. Hoje o blog da Traduzca retrata a arquiteta ítalo-brasileira e apresenta a história e a importância de Lina Bo Bardi para o Brasil.

Nascida em Roma, em 1914, Lina Bo Bardi iniciou sua carreira em Milão, onde ganhou notoriedade entre as décadas de 1930 e 1940. Durante a II Guerra Mundial, porém, a crise na Itália em 1946 faz com que ela e seu marido, o jornalista Pietro Maria Bardi, partam para o Brasil naquele ano. Já em terras brasileiras, Bo Bardi encanta-se pelo Rio de Janeiro, mas passa a viver em São Paulo, onde projeto e constrói a Casa de Vidro, no bairro do Morumbi. A casa, que foi construída entre 1950 e 1951, abrigou o casal por mais de 40 anos, e hoje é um patrimônio tombado pelo estado de São Paulo e sede do Instituto Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi , abrigando parte das obras e coleções do casal.

Fascinada pela cultura popular, Lina Bo Bardi tinha como característica de seus projetos que os espaços fossem construídos pelas pessoas, para o uso cotidiano. Seu projeto mais famoso, o Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista, é o principal exemplo de sua marcante característica. O prédio do SESC Pompéia, em São Paulo, e o Museu de Arte Moderna da Bahia, o Solar do Unhão, em Salvador, também são projetos característicos da arquiteta ítalo-brasileira.

Além da arquitetura, Lina Bo Bardi também atuou na cultura, dirigindo o Museu de Arte Moderna de Salvador. Falecida em 1992, a arquiteta realizou o seu último sonho, que foi o de morrer trabalhando, deixando inacabado o projeto de reforma da Prefeitura de São Paulo. 

Em nota publicada pela organização da Bienal de Veneza, quando anunciado quem seria homenageado com o Leão de Ouro nesta edição, o curador dado evento, Hashim Sarkis, disse que “se há uma arquiteta que representa adequadamente o tema da Bienal deste ano [‘Como Viveremos Juntos?’], é Lina Bo Bardi”, e que “sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, principalmente, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo inteiro”, afirmou.