Dia do tradutor: a tradução além das palavras

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Em 30 de setembro, celebra-se o dia do tradutor. Aparentemente, não há mistérios para desvendar o papel deste profissional na sociedade. “O tradutor faz tradução, óbvio”. Esta afirmação está correta, obviamente, mas as atribuições deste profissional vão muito além da conversão de idiomas. Há algumas semanas, a escritora gaúcha Martha Medeiros fez uma crônica sobre o papel do intérprete na vida das pessoas. Ela pensava que era uma coisa, e na verdade é outra.

Tradução

Se alguém quer obter a dupla cidadania ou vai realizar intercâmbio no exterior, certamente precisará contar com os serviços de tradução juramentada que este profissional oferece. Se uma empresa fecha parceria internacional, por exemplo, talvez necessite de um intérprete em palestras, rodadas de negócios, reuniões, acompanhando viagens ao exterior, etc. Sim, o tradutor e o intérprete asseguram a compreensão e a comunicabilidade entre pessoas de idiomas e culturas diferentes, mas a sua rotina precisa transcender o lado técnico da comunicação.

No seu texto publicado em ZH, Martha Medeiros exemplificou a sensibilidade exigida do intérprete através de uma situação relatada por uma amiga. “Consultas médicas, por exemplo. Inúmeros imigrantes vivem em países estrangeiros com uma noção muito precária da língua do lugar em que escolheram morar. Pensam que falam inglês, que falam francês, que falam espanhol, mas apenas se defendem, até que surge uma situação específica: tratar uma doença, lidar com exames, passar por uma cirurgia. É quando a intérprete entra em ação para unir as duas pontas de uma conversa difícil. De um lado, alguém ansiando por uma notícia boa, enquanto que o médico tem um diagnóstico terrível a dar.”

Mais que o significado das palavras ditas, o jeito como o conteúdo é comunicado também diz muito, como gestos e entonação, por exemplo. É o que este profissional exerce além das palavras que o faz tão necessário em muitas situações.

“O intérprete é mais do que um tradutor discreto da cena. Ele pode dar voz aos tormentos de uma pessoa desconhecida, e pra isso é preciso mais do que conhecimento do idioma. Exige uma sensibilidade rara. É o personal dos sonhos, um dublê para os momentos em que nossa alma grita, só que ninguém escuta.” Escreveu Martha.